Estudante do Mestrado Desenvolvimento e Meio Ambiente recebe Menção Honrosa da Capes
Francisca Maria Cosme de Carvalho Barbosa defendeu a dissertação “Produção artesanal de peças em argila da Comunidade dos Potes, Município São João da Varjota/PI: Importância ambiental, cultural e socioeconômica à luz dos conhecimentos tradicionais”, como requisito para obtenção do grau de mestre no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A pesquisa foi orientada pelo professor José Luís Lopes Araújo e coorientada pela professora May Waddington Telles Ribeiro.
A estudante foi aprovada e, mais do que isso, a pesquisa recebeu o Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade - Edição 2015, menção honrosa, referente a teses de doutorado e dissertações de mestrado defendidas em 2014, na área temática IV - Tecnologias socioambientais, com ênfase no combate a pobreza.
Durante cerimônia de entrega da menção honrosa Foto: Natália Morato – CCS/Capes
A estudante e o orientador estiveram na sede da Capes em Brasília para receber a premiação. “A premiação demonstra a importância das pesquisas no âmbito do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente da UFPI, ao ter trabalho reconhecido em âmbito nacional, com temática relacionada às tecnologias socioambientais, com ênfase no combate a pobreza”, destacou o professor José Luís Lopes Araújo.
Estudante e orientador apresentam pesquisa Foto: Natália Morato – CCS/Capes
Sobre a pesquisa
A pesquisa buscou analisar a importância socioeconômica, cultural e ambiental da produção artesanal de peças em argila da Comunidade Quilombola dos Potes no Município São João da Varjota/PI, composta por descendentes de escravos e que têm nesta atividade uma das poucas opções de obtenção de renda.
Os resultados obtidos sobre: a extração de argila e os impactos ambientais causados sobre solo e vegetação; a caracterização das propriedades físico-químicas da argila; as características do processo de produção considerando os aspectos socioeconômicos, culturais e ambientais e a existência de riscos para a preservação dos saberes, hábitos, costumes e tradições e para a continuidade da atividade pelas novas e futuras gerações, evidenciam que a atividade artesanal da Comunidade Quilombola dos Potes encontra-se em situação de pouca eficiência produtiva e econômica.
Em relação à conservação ambiental, o estudo identificou que a retirada da argila para a produção das peças acontece em pequena escala, com uma média de 100 peças mensais por família, usando técnicas de manejo e equipamentos rústicos e simples que mantém os impactos ambientais em níveis toleráveis.
A avaliação feita no processo produtivo da atividade artesanal da Comunidade apontou para uma situação de pouca eficiência produtiva e econômica, não atendendo à sua função de geradora de renda. O que pode ser resolvido com um controle de qualidade das peças, da quantidade de matéria-prima manipulada, de peças produzidas, e de custos operacionais.
A pesquisadora sugeriu, portanto, uma reorganização no sistema de produção, nos quesitos produtividade, qualidade, custos, condições estruturais, capacidade técnica e comercialização. Melhores resultados com produtividade podem ser obtidos através da redução de peças quebradas e da quantidade de refugo, e sem aumentar o consumo de argila.
A análise das propriedades físico-químicas da argila indicou potencial técnico a ser explorado em propostas de melhoramento da qualidade das peças e reorganização da estrutura produtiva, principalmente nos quesitos formato dos fornos e controle do processo de secagem e cozimento das peças.
A transformação da atividade em uma alternativa concreta de geração de renda a ser usada no atendimento das necessidades básicas e na melhoria do padrão e da qualidade de vida da Comunidade, é uma alternativa de desenvolvimento local sustentável.