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Autismo: uma forma diferente de enxergar o mundo

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

autismo destaque

Arthur é um grande menino. É educado, prestativo e sempre ajuda Olívia, sua mãe. Ele enxerga o mundo de uma forma diferente, nem pior e nem melhor que as outras crianças, somente diferente. O rapaz de apenas 12 anos, possui o Transtorno de Espectro Autista (TEA), ou comumente chamado de Autismo, e é filho da Professora Doutora Olívia Dias, do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

O Autismo é uma condição geral de pessoas que possuem dificuldade de comunicação e realizam atividades repetitivas, podendo apresentar diferentes intensidades de acordo com a especificidade de cada indivíduo. Em 2013, a Associação Americana de Psiquiatria (APA), no seu manual de classificação diagnóstica, reconheceu que essas situações possuem uma natureza dimensional e não distinta, se caracterizando um espectro. Por isso, o nome foi modificado para Transtorno de Espectro Autista (TEA).

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 Psicólogo da UFPI, Carlos Eduardo Leal

Para o Psicólogo da UFPI, Carlos Eduardo Leal, o Autismo pode estar associado a outras condições, como por exemplo a deficiência intelectual. Além disso, ele fala sobre a relação errônea de colocar o TEA como um déficit intelectual. “Alguns indivíduos que possuem o TEA, podem apresentar também outra condição correlacionada, mas isso não acontece em todos os casos. Outra situação muito comum é classificar o Autismo como uma deficiência intelectual. Os autistas apresentam um funcionamento cognitivo e social diferente das demais pessoas, porém isso não significa que todos irão apresentar algum déficit intelectual”, afirma.

Outro problema muito comum é a realização do diagnóstico. A docente do Departamento de Enfermagem, Profa. Dra. Olívia Dias, falou sobre todo o processo de diagnóstico de seu filho, o Arthur. “Meu filho possui autismo leve, e por isso, é mais difícil obter um diagnóstico precoce. Com seis anos de idade, levei a um neuropediatra, e foi constatado que o Arthur tinha déficit de atenção. Porém, como eu sou enfermeira especialista na área de pediatria, achei que não era só isso. Com sete anos, ele foi diagnosticado com o transtorno do espectro autista”, contou a professora.

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Coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFPI (NAU), Rafaella Santiago

Em 2012, foi criada a Lei 12.764, que institui a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Entretanto, na legislação brasileira, o autista ainda é enquadrado como um deficiente. A Coordenadora do Núcleo de Acessibilidade da UFPI (NAU), a assistente social Rafaella Santiago, fala que a ideia principal é agregar o autista na Constituição. “Eles apresentam as mesmas prorrogativas que uma pessoa com deficiência possui. Apesar de não se enquadrarem como um deficiente, mas o objetivo é agregar o autista na legislação, fornecendo os direitos de forma correta. E, dependendo da síndrome, o autista pode necessitar dessa legislação”, destaca.

O Núcleo de Acessibilidade é vinculado a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC), e tem como principal objetivo acolher os estudantes com o espectro autista e com deficiências sensoriais, físicas e entre outras. Foi criado no ano de 2014, por meio do Programa de Acessibilidade na Educação Superior – INCLUIR, do Ministério da Educação, com o intuito de garantir o ingresso de estudantes, professores e servidores com deficiência a todos os espaços, ações e processos da Universidade. O NAU realiza diversas atividades de sensibilização, além de eventos como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, realizado em 2016.

O Psicólogo Carlos Eduardo Leal fala sobre os suportes necessários para a efetivação da inclusão na educação especial. “A inclusão dessas pessoas demanda uma estrutura especializada. É claro que, para ser operacionalizada, é imprescindível a qualificação dos professores, e que exista uma equipe multidisciplinar que dê suporte a esse aluno. É necessária uma série de recursos pedagógicos, didáticos, comportamentais adaptados às condições dos estudantes para que o processo inclusivo ocorra”, explica.

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Professora Doutora do Departamento de Enfermagem da UFPI, Olívia Dias

Olívia faz parte do Grupo Famílias Azuis, em que mais de 150 pais se reúnem para compartilhar as dificuldades, os anseios e as conquistas da criação dos filhos que possuem o Autismo. “Uma vez uma mãe nos falou no nosso grupo, que o desenvolvimento do nosso filho é como se fosse uma subida na escada. As crianças que não possuem Autismo irão subir a escada rapidamente e ninguém vai precisar ensinar. As crianças autistas vão subir a escada com treinamento, apoio e ajuda, mas irão subir”, destaca.

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