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CPCE: grupos EPMIP e GENPAS realizam pesquisa sobre o uso de farinha de insetos para a alimentação de aves

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Última atualização em Sexta, 14 de Agosto de 2020, 09h55

O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango do mundo, tendo o farelo de soja como a principal fonte proteica das dietas. Entretanto, a cultura deste grão faz uso de terras, água e contribui para uma maior degradação ambiental. Nos últimos anos, o grupo EPMIP (Experimentação e Pesquisa em Manejo Integrado de Pragas) e o GENPAS (Grupo de Estudos em Nutrição e Produção de Aves e Suínos) têm realizado estudos com insetos que podem substituir a proteína da soja, como alternativa sustentável e economicamente viável na alimentação de aves.

A Profa. Luciana Barboza explica que os insetos são capazes de reciclar nutrientes e transformar resíduos que antes proporcionariam maior poluição ambiental, em alimentos com alto valor nutricional. “O uso da farinha de insetos na alimentação para aves é promissor, pois esta possui aminoácidos essenciais, lipídeos, vitaminas e minerais. No entanto, a composição nutricional da farinha de insetos irá depender da espécie utilizada, onde a proteína bruta pode variar de 35% em cupins à 68% em grilos e os lipídeos de 13% em grilos à 50% em larvas de besouros. O exoesqueleto dos insetos apresenta a quitina que pode variar de 5 a 14% e podem promover o aumento na atividade do sistema imunológico e da atividade de macrófagos em frangos, podendo atuar como um prebiótico”, ressalta.

Dentre as diversas espécies de insetos estudados na alimentação de aves, os grupos de pesquisa desenvolvem projetos com uso da mosca soldado negro (Hermetia illucens) e com o tenébrio (Tenebrio molitor). Estes projetos são multidisciplinares envolvendo alunos de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado de diferentes áreas de formação e especialização, assim como os professores Luciana B. Silva, Leilane R. B. Dourado e Stélio B. P. Lima. As pesquisas destes grupos já originaram diversas publicações, trabalhos de PIBIC, PIBIT, ICV, TCCs, dissertações e teses.

Em pesquisas realizadas pelos grupos, foi demonstrado que a mosca soldado negro (Hermetia illucens) possui alta produção de biomassa, e que a farinha de suas larvas contém de 37% a 65% de proteína bruta. “Quando os frangos de corte foram alimentados com esta farinha, apresentaram menor consumo de ração e melhor conversão alimentar com o aumento dos níveis de farinha., sem prejudicar o ganho de peso e o peso médio das aves. Com isso, a farinha da mosca soldado negro mostrou ter potencial para o uso em dietas de frangos de corte em substituição ao farelo de soja”, explica Luciana.

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Hermetia illucens.

 Fonte: Javier Torrent

 

O EPMIP possui uma criação laboratorial de Tenebrio molitor, onde são realizados experimentos de produção deste inseto utilizando diferentes dietas e resíduos orgânicos. O objetivo é viabilizar a produção massal do T. molitor alimentado com resíduos orgânicos, como uma forma sustentável e economicamente viável de produzir nutrientes para a alimentação animal. “As pesquisas realizadas comprovam que a farinha de larvas do T. molitor é rica em nutrientes essenciais para o desenvolvimento de aves, possuindo de 40 a 50% de proteína bruta, 30 a 40% de gordura, e rica em minerais como o cálcio, fósforo, potássio e ferro”, pontua a Profa. Luciana.

Ela ainda acrescenta que o GENPAS comprovou que a farinha de T. molitor possui alto teor de energia metabolizável para aves e alta digestibilidade proteica, energética e mineral, podendo ser considerada um alimento alternativo para a alimentação de aves. “Concordando com dados da literatura científica que mostram que a farinha de larvas de Tenébrio molitor pode substituir completamente o farelo de soja em dietas para frangos de corte, no período de crescimento sem influenciar no desenvolvimento dos animais, melhorando a conversão alimentar, ganho de peso, peso médio e diminuindo o consumo de ração. Além disso, valores bioquímicos do sangue sugerem melhor resistência a doenças e maior resposta imunológica das aves, provavelmente devido aos efeitos prebióticos da quitina”, diz.

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Larva de Tenebrio molitor

Fonte: Matthias Lenke

Vale ressaltar, que para tornar viável a introdução de farinha de insetos como matéria prima para compor dietas de animais de produção, torna-se necessária a produção de grandes quantidades com elevada qualidade, em uma base contínua na produção dos insetos. O EPMIP realiza estudos sobre a criação e desenvolvimento de insetos alimentados com resíduos orgânicos, visando a multiplicação desses animais em larga escala, com baixo custo de produção e padronização na composição bromatológica. E as larvas que resultam desta criação são transformadas em farinha e testadas pelo grupo GENPAS, na alimentação de aves em substituição aos ingredientes proteicos das dietas de aves.

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