UFPI faz o monitoramento da COVID-19 entre os povos indígena no Piauí

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Última atualização em Quinta, 16 de Julho de 2020, 15h32

Com a finalidade de registrar e divulgar os casos de covid-19 entre os indígenas, está sendo produzido o Boletim Covid-19 Povos Indígena no Piauí. Esta atividade é realizada pela professora Carmen Lúcia Silva Lima, coordenadora do Laboratório do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e líder do Grupo de Pesquisa sobre Identidades Coletivas, Conhecimentos Tradicionais e Processos de Territorialização da Universidade Federal do Piauí, em parceria com as lideranças dos povos indígena localizados no Piauí.

A quarta edição do boletim apresenta casos de covid-19 entre os Warao (Teresina), os Gueguê do Sangue (Uruçuí), os Gamela (Bom Jesus) e os Tabajara (Piripiri). Lamentavelmente, foi registrado o óbito de um indígena Warao, que faleceu no dia 14 de julho de 2020, no Hospital Getúlio Vargas, onde estava internado desde o dia 11 de junho de 2020.

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Para o monitoramento da COVID-19, a professora Carmen Lúcia vem dialogando constantemente com as lideranças dos povos Gamela, Guajajara – Aldeia Ukrair, Gueguê do Sangue, Kariri, Tabajara, Tabajara Ypy, Tabajara da Oiticica, Tabajara Tapuio e Warao. O boletim está sendo possível graças ao compromisso dos indígenas, que assumem a função de monitorar e comunicar os casos suspeitos ou detectados em suas comunidades.

A inexistência de uma política de saúde indígena no Piauí e a falta de atendimento pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), direito estabelecido em nossa constituição federal, torna os povos piauienses muito vulneráveis ao Coronavírus. Com exceção dos Warao, que estão sendo monitorados pela Fundação Municipal de Saúde de Teresina, os demais povos indígenas não têm nos municípios onde vivem um atendimento diferenciado que considere a cultura e a identidade indígena. Como decorrência, as agências de saúde não conseguem registrar o número de indígenas infectados. Neste sentido, o boletim tem a relevância de informar a sociedade dados que não estão sendo apresentados pelas agências de saúde pública até o momento.

De acordo com a professora Carmen: “São as lideranças indígenas que estão fornecendo as informações, na esperança de que o boletim possa sensibilizar as autoridades para a necessidade de uma política de saúde indígena, pois estão com muito medo de ficarem doentes e não terem o atendimento necessário”, explica.

Para o cacique Henrique, Tabajara de Lagoa de São Francisco e coordenador da APOINME – Microrregional Piauí: “É de grande importância o boletim que está sendo feito pela a Universidade Federal do Piauí, para acompanhar os casos de Convid-19 entre os povos indígenas, já que não temos o acompanhamento do governo. Assim nós podemos estar informando todos os casos, para que tenham conhecimento da nossa realidade, do que estamos vivendo. A APOINME está acompanhando com muita preocupação e vai tomar as providências, junto com outros órgãos que também têm demonstrado preocupação com a saúde dos indígenas do Piauí”, afirma.

Os dados fornecidos pelo boletim estão sendo usados na produção do Boletim Povos Indígenas e Covid-19: Leste Nordeste, que está sendo produzido por pesquisadores de diversas universidades tais como a Universidade Federa do Piauí (UFPI), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade do Recôncavo Baiano (UFRB) e Universidade Estadual da Bahia (UEBA). Juntamente com as organizações indígenas, por meio destas produções está sendo acompanhada a evolução da pandemia entre os indígenas que vivem na área de atuação da APOINME: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo e Minhas Gerais.

O Boletim Povos Indígenas e Covid-19: Leste Nordeste pode ser acessado em: https://www.apoinme.org/boletim-01