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Suicídio: Pesquisador da UFPI aponta o problema como caso de saúde pública

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

Nesta quarta-feira, 10 de Setembro, é o Dia Mundial de Combate ao Suicídio. A data é importante para chamar a atenção da sociedade com relação a esse problema de saúde pública. A cada 40 segundos, em alguma parte do mundo, uma pessoa comete suicídio, segundo dados divulgados na quinta-feira (04) pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a OMS, 800 mil pessoas se suicidam por ano em todo o planeta, sendo o Brasil o oitavo país com maior índice de suicídios. Nesse cenário, o Piauí ocupa a quinta posição em números de suicídios do Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em janeiro desse ano. Em Teresina, a cada 100 mil habitantes 6,8 cometem suicídio todos os anos.

De acordo com o Professor Benedito Júnior, Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Piauí (UFPI), os principais motivos que levam às pessoas a tentarem suicídio variam, vão desde crises financeiras, afetivas, perdas emocionais, insucesso na escola, doenças terminais, doenças mentais até a crise planetária. Para o pesquisador, que apresentou como tese de doutorado um estudo sobre os suicídios em Teresina na primeira década do século XXI, o primeiro passo para reduzir os índices de suicídio no Brasil deve ser o seu reconhecimento como um grave problema de saúde pública: "Os programas criados desde 1999, como SUPRE (Suicide Prevention) da Organização Mundial da Saúde, não tem obtido bons resultados. Precisamos desenvolver pesquisas sobre o tema, que é complexo, e não haverá prevenção com medidas simples".

Os motivos vão desde crises financeiras, afetivas, perdas emocionais até a crise planetária

Para o professor, um dos entraves para o enfretamento do problema é que "a sociedade, incluindo os meios de comunicação, recusam-se a discutir o assunto, o que compromete o enfrentamento do problema". Vinícius Ferreira, jornalista formado pela UFPI, considerando os indicadores de suicídio em Teresina, desenvolveu uma pesquisa durante a graduação em que estuda o papel dos meios de comunicação nesse contexto social. No decorrer da pesquisa, o jornalista analisou como o suicídio era veiculado por três jornais impressos de Teresina. "Ao partir para a análise dos jornais, adotamos as recomendações da OMS, que indica que a imprensa fale sobre o suicídio para ajudar a quebrar o tabu sobre o tema. Ao mesmo tempo em que, ao veicular informações sobre o tema, pode, por exemplo, indicar posturas comuns adotadas por pessoas que irão cometer o suicídio, ajudando os familiares a identificar e auxiliar". A pesquisa foi feita com a colaboração de mais dois estudantes de graduação, Willame Lucas e Mayara Araújo, sob a orientação da professora Ana Paula Bomfim.

Raianne Almeida, que perdeu a prima em maio de 2013, afirma que para a família foi um momento de difícil aceitação e muito doloroso, até agora a família não descobriu os motivos que levaram a jovem de 17 anos a cometer suicídio. Para Raianne, estudante de Psicologia, as famílias podem evitar passar pela mesma situação ao observar seus filhos e manter um diálogo aberto sobre as dificuldades vivenciadas. "Antes do fato, havíamos conversado bastante sobre relacionamento e sobre o futuro, escolha de curso, o que me deixou imensamente abalada, pois ela era uma pessoa cheia de sonhos e optou por não lutar por eles", declarou a estudante.

Centro de Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma ONG que atua há 29 anos em Teresina, e tem como objetivo dar apoio emocional a pessoas em situação de vulnerabilidade, que sentem a necessidade de conversar de forma aberta e acolhedora, sem receber críticas, julgamentos ou cobranças. "Nosso trabalho é basicamente a valorização da vida, escutar, dar um ombro amigo, não fazer juízo de valor", explica Eyder Silva, voluntário do CVV há oito anos. Para Eyder, que já teve dois casos de suicídio na família, o seu trabalho na ONG permite que ele ajude outras pessoas a não passarem pela mesma dor que sua família vivenciou. "Como não tive oportunidades para ajudar os meus familiares, procuro agora ajudar os outros. Me sinto bem em poder ajudar", concluiu Eyder.

Fórum Estadual de Prevenção ao Suicídio

Para marcar a O Dia Mundial de Combate ao Suicídio, será realizado nos dias 11 e 12 de setembro o Fórum Estadual de Prevenção ao Suicídio. O evento será voltada para profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), serão realizadas palestras, mesas-redondas, apresentações de trabalhos e curso de prevenção, posvenção e manejo do comportamento suicida. O evento contará com a participação de profissionais da área da psicologia, psiquiatria e ciências sociais e é organizado pelo Comitê Estadual de Combate ao Suicídio.

O Comitê foi criado em 2013, pelo Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria Estadual de Saúde e tem como propósito o monitoramento e cadastro, visando ações de promoção em Saúde, bem como ações preventivas, desenvolvidas em atendimento e capacitação de pessoal. De acordo com Lêda Trindade, psicóloga e presidente do Comitê: "O trabalho consiste, nesta primeira fase, na capacitação de profissionais, que de forma voluntária atendem em seus espaços de trabalho, às demandas de familiares e de pessoas vulneráveis".

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