Durante a segunda edição da Campus Party Weekend Piauí, realizada entre os dias 10 e 12 de outubro, no Centro de Convenções de Teresina, a estudante Ana Carolina Sousa Dias, do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), apresentou a Oficina de Conhecimento em Internet dos Corpos e Feminismo de Dados. A atividade aconteceu no dia 12 de outubro, às 17h30, no Palco Empreende, e reuniu participantes interessados em refletir sobre os impactos sociais e éticos da tecnologia.
Na oficina, a estudante abordou sobre o desenvolvimento do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante, uma plataforma colaborativa voltada à educação tecnológica ética e socialmente engajada. Segundo Ana Carolina, a proposta é que professores e alunos contribuam para tornar o ensino de computação mais conectado às discussões contemporâneas sobre tecnologia e sociedade. “No meu TCC, resolvi criar uma ferramenta na qual professores e alunos possam contribuir para uma educação tecnológica mais ética e mais ligada aos assuntos sociais. A princípio, escolhi os temas feminismo de dados e internet dos corpos para fazer a primeira oficina presencial da plataforma”, explicou Ana Carolina.
Durante a atividade, os participantes puderam construir coletivamente ideias e sugestões para aprimorar o projeto, que deve ser lançado oficialmente em dezembro, com abertura para colaborações da comunidade acadêmica.
A estudante conta que o projeto nasceu a partir de reflexões feitas no início de 2025, quando percebeu a ausência de debates sobre temas como ética digital e impactos sociais da tecnologia nas disciplinas do curso. “Percebi que assuntos que eu abordava em outras oportunidades, como quando participei da bolsa Youth do Comitê Gestor da Internet, do Fórum da Internet no Brasil e da Escola de Governança da Internet, eram pouco frequentes nas nossas disciplinas. Coisas importantes, como o racismo algorítmico em sistemas de reconhecimento facial, a segurança de mulheres que usam aplicativos menstruais em países onde métodos contraceptivos são mal-vistos, ou os impactos ambientais dos grandes data centers, raramente eram discutidas”, destacou.
O protótipo da plataforma foi desenvolvido por meio do GitHub Pages, possibilitando hospedagem gratuita e colaboração aberta. A expectativa é que o projeto se torne uma referência na inclusão de temas sociais em cursos de Tecnologia, servindo de apoio para cursos de extensão e permitindo que professores também contribuam com novas perspectivas. “A ideia é que a plataforma torne o curso de Computação um espaço mais confortável e diverso. Geralmente pensamos a TI como uma área predominantemente masculina e fechada, mas iniciativas como o Dorothy Piauí, coletivo parceiro da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e nascido no nosso curso, mostram que é possível desafiar essa visão”, ressaltou Ana Carolina.
Na oficina, ela apresentou os conceitos de Internet dos Corpos (IoB), uma extensão da Internet das Coisas aplicada ao corpo humano, e Feminismo de Dados, linha de pensamento proposta pela professora Catherine D’Ignazio (MIT). “Quando falamos de IoB, tratamos de dispositivos vestíveis ou implantáveis, como relógios inteligentes ou marca-passos conectados, que trazem riscos específicos à segurança e à privacidade. Já o feminismo de dados discute como as análises de dados afetam corpos marcados por gênero, raça, classe e outros recortes sociais. O objetivo é pensar não só na técnica, mas também na responsabilidade social de quem desenvolve essas ferramentas”, explicou.
A Campus Party Weekend Piauí 2 reuniu oficinas, palestras, experiências imersivas e arenas de eSports, robótica e inovação. O evento é coordenado pela Secretaria de Inteligência Artificial, Economia Digital, Ciência, Tecnologia e Inovação (SIA), com apoio do Piauí Instituto de Tecnologia (PIT) e outros órgãos do Governo do Estado.