ENTRE CABRAS MACHOS, HOMENS COM H, INOVO NO MEU JEITO DE SER HOMEM?
“O que significa ser homem?” “O que os homens estão escondendo por trás de tantos silêncios?” Perguntas formuladas no filme O SILÊNCIO DOS HOMENS, um projetor de “imagens progressistas” e “contestações críticas” ao “modelo de masculino” hegemônico. Para além deste, a projeção de “outras possibilidades de ser homem”. Os machismos contestados pela via cinematográfica. Gravidez fílmica de outros masculinos. No objetivo de “repensar a masculinidade”, “grupos reflexivos de homens”, “em conexão”, estão comprometidos com papos e planos despertadores para outras possibilidades. “Novas masculinidades?” Em iniciativas voltadas para a construção de outros modelos do ser homem, projetos grupais objetivam romper com os silêncios e as solidões caladas dos Josés. No fundo, sentem carências, dores de amores e outras sensações não ditas, temendo o que os outros vão pensar. Vão achar que sou fraco? Será que ele é? Aqui, cabe rever o sociológico conceito de coerção social, definido por Émile Durkheim.
Com base no toque de Simone de Beauvoir, não se nasce homem: torna-se. O texto fílmico apresenta dados referentes às construções sociais nos processos de socialização dos meninos. Em desconstruções, afirma: garotos choram e bailam no lago dos cisnes. Eles crescem e aprendem “que ser homem é muito além de, tipo, gostar de mulheres ou ter um órgão masculino, etc.”. Visão atual do estudante Juan Alberto Dutra da Silva, jovem ressocializado com o projeto “plano de menino”, apresentado na narrativa fílmica de O SILÊNCIO DOS HOMENS. Na “globalização do patriarcado”, a ideia de “homens justos” demanda por um “pensar sem sexismo”. Em uma ótica revolucionária do masculino, são projetados os “meninos feministas”. Um “feminismo masculino” em um tempo dominado pelas “masculinidades de não dominação” (JABLONKA, 2021).
Rompendo com uma postura silenciosa, em um “tempo de despertar”, com outras palavras, vozes questionadoras interrogam os comportamentos históricos dos machos e suas aparências de durões. Peitorais sarados ocultam ais dolorosos. “Os homens sofrem, mas sofrem calados e sozinhos”. São sentimentais enrustidos, escondendo as suas debilidades em encontros não reveladores das suas carentes funduras. Na perspectiva de “uma nova consciência” e sob a responsabilidade de quem conjuga o verbo desconstruir, questões são levantadas por quem investe em um “plano de menino”, visando “homens possíveis”, falantes, sensíveis, dispostos a subjetivarem os seus nós, travamentos, angústias e pontos fracos.
Na parição sociológica de varões poéticos, “quem disse que o cara não pode demonstrar sentimento?” Pergunta de Viviane Duarte em um contexto de transformações das relações de gênero, em suas diferenças e desigualdades. Cineastas responsáveis e conscientes das “implicações sociais e políticas” dos seus atentos trabalhos, papeiam com os seus seguidores e questionam: “Existe ou não existe um movimento de transformação dos homens acontecendo hoje?” Em um papo de homem atual, o João já fala do seu sofrimento subjetivo, da sua solidão, das suas carências e vulnerabilidades, entre comentários sobre a última partida do seu time de futebol.
JABLONKA, Ivan. Homens justos: do patriarcado às novas masculinidades. São Paulo: Todavia, 2021.