Durante a disciplina de “Projeto Intercultural de Pesquisa Extensão Comunitária I - História, Memória e Identidade”, os cursistas de Pedagogia Intercultural Indígena, do Polo do PARFOR EQUIDADE/UFPI de Baixa Grande do Ribeiro, participaram de uma aula de campo na comunidade Almécegas, localizada na zona rural do município.
Durante aula de campo na comunidade Almécegas
Segundo o Prof. Edinaldo da Costa, que ministrou a disciplina, o momento, que ocorreu no dia 09 de janeiro, foi proposto pensando na introdução dos discentes a uma nova ótica sobre os povos indígenas, “tendo em vista que a maior parte da turma se reconhece como indígena, contudo, ainda não compreende o processo histórico de formação dessas comunidades tradicionais as quais pertence. Para muitos, questões como: história, memórias e identidades dos povos originários do/no Piauí são pouco conhecidas, no caso em questão, o povo Akroá-Gamella”.
“Na comunidade, fomos acolhidos por lideranças locais, as cacicas Maria da Conceição de Sousa (Dan) e Olívia Gomes de Carvalho. Após um café da manhã partilhado, conhecemos alguns espaços da comunidade, como brejos e buritizais. Em seguida, retornamos à residência da cacica Olívia Gomes. Sob a sombra de uma mangueira e por meio de relatos de ambas as cacicas (notório saber), conhecemos um pouco da história, memórias, lutas/resistências do povo Akroá-Gamella da comunidade e participamos empiricamente das expressões culturais da comunidade, através de cantos e danças, conhecidas como Toré”, relata o Prof. Edinaldo.
Prof. Edinaldo (primeiro plano), cursistas e cacica Dan
O professor explica ainda que, o objetivo da aula de campo foi mostrar a realidade da comunidade para induzir os discentes a produzirem, comunitariamente, projetos de educação escolar indígena que valorizem as tradições culturais e seus modos próprios de ensino aprendizagem. “Acredito que tivemos êxito, pois os discentes relataram que foi uma experiência bastante enriquecedora”.
Para a cursista Cleide Negreiros, a aula de campo foi uma experiência enriquecedora, pois permitiu o contato direto com a história, os desafios e a cultura desse povo. “Tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre a etnia Akroá-Gamella, um dos povos indígenas do Piauí. Fomos recebidos por representantes da comunidade, que compartilharam relatos sobre a luta pela retomada das terras e pela preservação da identidade cultural. Aprendemos sobre suas tradições, como os rituais sagrados, a relação com a natureza e a importância da oralidade na transmissão do conhecimento ancestral”.
A cursista também destaca a resistência do povo Akroá-Gamella diante das dificuldades impostas pelo avanço do agronegócio e da falta de reconhecimento oficial de seus direitos. “Ao final da aula de campo, saímos com um novo olhar sobre a luta dos povos indígenas e com o compromisso de divulgar e apoiar a resistência dos Akroá-Gamella, reconhecendo sua importância histórica e cultural para o nosso Piauí”, ressalta Cleide.
Cursista Cleide Negreiros com as cacicas durante aula de campo
Para a cursista Cinara Carvalho, a aula foi muito produtiva. “Foi um momento comovente. A cacica Dan se deslocou de Uruçuí, para nos auxiliar e ministrar uma palestra. Adquirimos vários conhecimentos sobre o surgimento da comunidade e como ela se desenvolveu desde as gerações passadas até o dia de hoje”.
A cacica Dan, que atua como formadora convidada (notório saber), fala sobre a importância da atividade desenvolvida em conjunto. “É fundamental que atividades como essa sejam realizadas, pois dentro das comunidades que os cursistas conhecem a realidade indígena e suas raízes. Esse curso é muito importante para os cursistas, professores e caciques, que desempenham o papel de notório saber, pois está sendo discutida uma cartilha de realidade”, enfatiza.
Cacica Dan e cursistas durante aula de campo
O Coordenador do curso de Pedagogia Intercultural Indígena, Prof. Raimundo Nonato do Nascimento, afirma que os relatos apresentados pelo professor e pelas cursistas reforçam a convicção de que o curso ofertado pela UFPI veio para somar com a luta dos povos indígenas do estado. “Dando uma importante contribuição não somente com uma formação acadêmica para os alunos indígenas e não indígenas, mas sobretudo, uma formação política e social que tem como base, o respeito à diversidade, o diálogo de saberes e a interculturalidade. É importante ressaltar que a partir desse processo formativo os alunos indígenas e não indígenas poderão, a partir da pesquisa histórica, reconstruir suas histórias e contribuir com a reescrita da história dos povos indígenas do Piauí”.
A Coordenadora Institucional do PARFOR/UFPI, Profa. Glória Ferro, reitera a importância da realização de atividades como essa. “Estamos acompanhando a construção de um processo formativo que tem como base a educação para a equidade social. A Universidade vive um momento muito especial com a chegada dos cursos do PARFOR EQUIDADE, saindo dos seus muros e indo a lugares que nunca havia chegado antes, ampliando os saberes e fortalecendo a inclusão. Ao aderir ao Programa, a UFPI demonstrou o seu comprometimento com o movimento de fortalecimento da luta dos povos indígenas do Piauí”, afirma.