“Sínteses de Evidências de Doenças de Chagas” ocorreu com sede no município de Buriti dos Montes, contemplando gestores de cinco cidades do Piauí
O Centro de Inteligência em Agravos Tropicais, Emergentes e Negligenciados (CIATEN), em parceria com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), realizou nos dias 25 e 26 de novembro a “Sínteses de Evidências de Doenças de Chagas” na Território dos Carnaubais, com sede na cidade de Buriti dos Montes. O evento teve por objetivo realizar capacitação dos agentes de endemias, roda de conversa sobre Chagas, reunião de grupo de convivência com profissionais de saúde e articulação com os gestores dentro da temática da prevenção e controle da enfermidade.
O “Sínteses de Evidências de Doenças de Chagas” faz parte do projeto “Construção de mapas de evidências para doenças de determinação social: arboviroses, hanseníase e doença de Chagas como subsídio para políticas de saúde no SUS”, em parceria do CNPq com o Ministério da Saúde. A iniciativa teve objetivo de discutir opções de enfrentamento à enfermidade de forma dialogada com gestores da saúde, a fim de construir estratégias de diagnóstico, identificação e classificação de gêneros e espécies de vetores da doença de Chagas, junto a uma exposição artística interativa com obras do professor Fábio Solon que abordam o tema.
O professor do Departamento de Medicina Comunitária, Bruno Guedes, um dos participantes da iniciativa, explica que a cooperação em parte foi financiada pelo seu projeto na categoria Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, aprovado na chamada N° 21/2023 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Nós fizemos uma síntese de evidências sobre as principais estratégias que existem no mundo para a prevenção e controle da doença de Chagas. Compilamos toda a evidência científica disponível através do estudo de revisões sistemáticas sobre o tema e categorizamos cada opção”, afirma.
Professor do Departamento de Medicina Comunitária e pesquisador do CIATEN, Bruno Guedes
Na segunda-feira (25), o município de Buriti dos Montes contou com a participação de agentes de saúde, estudantes, comunidade e funcionários da prefeitura local em roda de conversa com professores da UFPI sobre características da doença de chagas e a participação social de todos no combate ao vetor da enfermidade. Nesta terça (26), ainda na cidade, foi realizada o diálogo deliberativo com gestores saúde acerca da prevenção e controle, com presença de representantes das Secretarias de Saúde dos municípios de Castelo do Piauí, Juazeiro do Piauí e São João da Serra, além de agentes de endemias e coordenadores de Atenção Básica de Assunção do Piauí.
O professor Vagner Mendonça esteve à frente de uma pesquisa de campo para levantamento etimológico a fim de identificar as espécies de barbeiros e as taxas de infectividade em municípios do Piauí. Como resultados, o professor destaca uma alta taxa de infestação em cidades do semiárido e alta quantidade de residências em áreas rurais com presença do vetor da Doença de Chagas, o inseto barbeiro. No evento, o colaborador promoveu a capacitação para agentes de combate à endemias e agentes comunitários de saúde. “São ações de capacitação, discussão, dentre outras ações, que trazem à luz as doenças ‘esquecidas’, negligenciadas e pouco comentadas, para que possamos refletir sobre a realidade de como elas afetam nossas populações. Nós só conseguiremos controlar um agravo se conhecermos ele”, declara.
Professor do Departamento de Parasitologia e Microbiologia e pesquisador do CIATEN, Vagner Mendonça
O vice-coordenador do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) no Piauí e Voluntário do Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas, Paulo Rodrigues, participou das atividades enquanto um palestrante que foi curado de um quadro de Hanseníase. Se prontificou a levar para a população de Buriti dos Montes informações sobre a atuação do movimento social no apoio a vítimas da enfermidade, grupos de autocuidado e o protagonismo da pessoa afetada por enfermidades negligenciadas. “Em roda de conversa, tivemos um diálogo deliberativo sobre doenças negligenciadas, a realidade dos municípios presentes e ideias de organizações e atividades, assim como sugestões de intervenções e de como incentivar lideranças na consciência do protagonismo e conhecimento integral no seu próprio tratamento”, afirma.
Professor Bruno acrescenta que o evento se fez importante na medida que foi um fomento a políticas públicas na saúde da região a partir da discussão de evidências científicas com os gestores, de que estes apliquem medidas de combate à Doença de Chagas na realidade local de onde atuam. “Eles saíram de lá com um plano e uma perspectiva de mudança de novas políticas públicas, informada por evidências científicas”, finaliza.
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