Setembro Amarelo na UFPI: ação da SRH discute saúde mental e promove acolhida da comunidade acadêmica

Ao centro da foto, a reitora da UFPI, Nadir Nogueira, durante ação do Setembro Amarelo da SRH/UFPI

Na manhã desta terça-feira (30), a Universidade Federal do Piauí (UFPI), por meio da Superintendência de Recursos Humanos (SRH) realizou um evento em alusão ao Setembro Amarelo, campanha nacional de prevenção ao suicídio. A programação contou com palestras, atividades de ginástica, serviços de saúde, lanche e sorteio de brindes, reunindo gestores, professores , alunos e representantes da Instituição.

A reitora Nadir Nogueira destacou a importância de fortalecer as discussões sobre saúde mental dentro da Universidade e de transformá-las em uma ação permanente. “Essa campanha é cuidar, olhar e ouvir as pessoas. Esse exercício é de cada um de nós que compõe a Universidade Federal do Piauí, de estarmos atentos”, afirmou, acrescentando ainda a importância de se estar atento ao assunto não apenas no mês de setembro.

Ela também mencionou a Sala Lilás, recentemente inaugurada no campus em parceria com a Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria da Mulher, como espaço de acolhimento a mulheres em situação de violência, reforçando sua relevância para o cuidado psicológico e a redução dos índices de suicídio no Estado. “É também acolher nesses momentos em que qualquer uma de nós, qualquer servidor, esteja passando por algum problema de ordem psicológica, de ordem mental, e para que a gente possa reduzir esses índices de suicídio no estado do Piauí”, comentou a reitora.

Vice-coordenador de Comunicação do Posto Centro de Valorização da Vida (CVV) em Teresina, Eyder Mendes

O vice-coordenador de Comunicação do Posto Centro de Valorização da Vida (CVV) em Teresina, Eyder Mendes, ressaltou a importância de buscar ajuda psicológica e explicou como funciona o trabalho voluntário do CVV, baseado na escuta empática. “Nós nos oferecemos em nosso trabalho voluntário para conversar com as pessoas. É uma conversa amiga, uma escuta capacitada para quem, às vezes, não tem com quem falar”, explicou.

Eyder também falou sobre a importância da campanha do Setembro Amarelo como um chamado para o cuidado com o outro. “A gente faz esse chamado do Setembro Amarelo para que as pessoas se solidarizem, se ofereçam para uma escuta”, completou. Ele enfatizou ainda os índices mais elevados de suicídio entre homens, relacionados à dificuldade de falar sobre sentimentos e procurar apoio. “Os homens morrem quatro vezes mais que as mulheres. Então, tem quatro suicídios de homem para um de mulher. Por que será? As mulheres têm mais facilidade de falar, de se abrir, de conversar com a amiga, de procurar ajuda, né? E os homens têm essa dificuldade. O homem não chora, o homem não procura ajuda, não vou demonstrar fraqueza”, exemplificou.

Além da reitora e de Eyder Mendes, o evento contou ainda com palestras dos professores Carlos Alberto e Antonella Maria das Chagas, que abordaram os impactos psicossociais do trabalho, os desafios da vida digital e a importância do cuidado emocional.

Professor destaca desafios psicossociais no ambiente de trabalho

Professor Carlos Alberto

O professor Carlos Alberto chamou atenção para a importância de considerar os aspectos psicossociais dentro do programa de gerenciamento de riscos ocupacionais. Ele lembrou que, historicamente, a preocupação estava voltada apenas para riscos físicos, como

choques elétricos, agentes biológicos ou químicos. No entanto, os impactos emocionais e sociais do trabalho exigem cada vez mais atenção. Segundo ele, é fundamental ampliar as notificações e os estudos sobre doenças ocupacionais que afetam a saúde mental dos trabalhadores. Esse movimento deve acontecer de forma contínua, e não apenas em períodos de campanhas como o Setembro Amarelo. “O Setembro Amarelo relembra as pessoas, ele é um reforçador e não um gatilho, para que a gente possa discutir as reais causas, que são muito complexas”, destacou.

Carlos Alberto também refletiu sobre o papel das redes sociais na vida contemporânea, apontando que elas criaram um ambiente de falsa proximidade, mas que, na prática, têm contribuído para o isolamento e a polarização social. Para ele, isso reforça a necessidade de valorização da terapia e do cuidado psicológico como parte da vida de todos. “Todos nós, sem exceção, deveríamos fazer terapia, porque cada pessoa constrói sua própria percepção da realidade, mesmo dentro de uma experiência coletiva”, afirmou.

Música, alongamentos e vida contemporânea

Momento de interação e descontração com o professor Mateus Ibiapina

O professor Mateus Ibiapina foi responsável por movimentar o público com música e alongamentos, promovendo descontração, risadas e um momento de integração entre os participantes.

Professora Antonella Maria das Chagas

Na sequência, a professora Antonella Maria das Chagas trouxe uma reflexão sobre os impactos da tecnologia na vida contemporânea. Para ela, apesar dos avanços, o ser humano vive um cenário de carência emocional, muitas vezes disfarçado por interações digitais rápidas e superficiais. Antonella destacou ainda que o excesso de tecnologia pode servir como fuga dos problemas, mas que esse caminho não resolve as questões reais enfrentadas pelas pessoas. Ela defendeu ainda a importância de olhar para si, identificar as próprias lacunas e investir em autoconhecimento.

Para a professora, cuidar da saúde emocional é essencial para equilibrar a vida e também para poder cuidar do próximo. “Um dos pilares do bem-estar sustentável é cuidar, em primeiro lugar, das nossas emoções. Manter essa balança em equilíbrio o maior tempo possível, ou ao menos aproximar-se mais vezes do positivo”, ressaltou.

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