Dando continuidade à programação da II edição do Seminário Intercultural do PARFOR Equidade/UFPI (II INTERPARFOR), os Polos de São João do Piauí e São Raimundo Nonato realizaram o evento na sexta-feira (10), na Unidade Escolar Anselmo Rodrigues, localizada no Quilombo Estreito, em São João do Piauí.
Evento foi realizado em escola da comunidade quilombola Estreito
O Seminário reuniu as turmas de Educação Escolar Quilombola dos dois Polos. Com o tema “Diálogos Interculturais na educação: entrelaçando saberes sobre ancestralidade, diversidade e inclusão”, a programação englobou a exposição de pôsteres e sessões de comunicação oral, com foco na discussão dos resultados de pesquisas e das experiências interdisciplinares e interculturais desenvolvidas ao longo do semestre letivo 2025.1.
Programação incluiu exposição de pôsteres e sessões de comunicação oral
O Coordenador do Polo de São João do Piauí, Prof. Joedson Cavalcante, deu as boas-vindas a todos e ressaltou a importância do evento e agradeceu o apoio recebido. “Estamos muito felizes em recebê-los para a realização deste evento que é tão importante para a formação dos nossos cursistas. É um momento muito especial para todos nós. Gostaria de agradecer todo o apoio que temos recebido da Coordenação do Programa, da prefeitura municipal e da secretaria de educação de São João do Piauí”.
Coordenador do Polo de São João do Piauí, Prof. Joedson Cavalcante
A Coordenadora do Polo de São Raimundo Nonato, Profa. Mirlene Ramos, do Quilombo Lagoa da Caraíba, agradeceu a acolhida. “Somos muito gratos por estarmos aqui hoje. Agradeço todo o apoio que temos recebido da Universidade, da prefeitura municipal de Várzea Branca e dos municípios onde possuímos cursistas. Essa parceria é fundamental para o desenvolvimento das atividades do nosso curso”, afirmou.
Coordenadora do Polo de São Raimundo Nonato, Profa. Mirlene Ramos
Na ocasião, a Coordenadora Institucional do PARFOR/UFPI, Profa. Glória Ferro, ressaltou a emoção pela conclusão do primeiro ano das atividades dos cursos do PARFOR Equidade. “Este momento é muito especial para todos nós que fazemos o PARFOR na UFPI: estamos colhendo os frutos do trabalho dialógico e colaborativo que vem sendo desenvolvido no âmbito do Programa. O nosso compromisso é com a oferta de formação diferenciada para as comunidades quilombolas, ancorada étnica e territorialmente. Por isso, encerrar o semestre letivo com esta imersão aqui no quilombo Estreito, simboliza a valorização da ancestralidade, da história e resistência dos povos quilombolas, e o engajamento na luta pelo enfrentamento do racismo na nossa sociedade”, afirmou.
Coordenadora Institucional do PARFOR/UFPI, Profa. Glória Ferro
Para a Coordenadora Adjunta do PARFOR Equidade/UFPI, Profa. Lucineide Morais, somente um governo sensível poderia pensar em um Programa que visa atender a reivindicações de segmentos da população, cujas histórias são marcadas pela marginalização e preconceitos. “É uma política pública que está levando em consideração uma reivindicação histórica dessas populações. E nós buscamos executar essa política da forma mais séria e comprometida possível. Nossa intenção não é sobrepor conhecimento científico sobre os saberes originários tradicionais, mas fazer o compartilhamento, a troca de saberes, pois todos possuem o seu valor”.
Coordenadora Adjunta do PARFOR Equidade/UFPI, Profa. Lucineide Morais
Agradecendo os parceiros do Programa, o Coordenador do Curso de Educação Escolar Quilombola, Prof. Ariosto Moura, enfatizou a importância do regime de colaboração. “A gente não consegue fazer as coisas sozinho. Por isso agradeço a todos que nos ajudam a construir esse curso que há muito tempo era aguardado por nós. O quilombo é a nossa casa, de onde a gente saiu e para onde a gente volta. Mas a universidade também é nossa. Vamos juntos construindo esses dois tempos, esses dois espaços”, disse.
Professores Lucineide Morais, Ariosto Moura e Glória Ferro
Falando em nome dos cursistas, Chitara Sousa, da comunidade quilombola Saco Cortume e aluna do Polo de São João do Piauí, destacou as especificidades do curso. “Que a gente possa continuar construindo essa vivência e essa cosmovivência de hoje, que a diversidade seja respeitada e inserida nos mais diferentes espaços. O nosso curso é, de fato, diferenciado. Porque é um curso de quilombola e para quilombolas. Então, é um curso para quem quer realmente levar os saberes quilombolas para dentro da sala de aula”.
Cursista Chitara Sousa
Com o auxílio de Renan Lima, intérprete de Libras, o professor surdo Marcos de Alencar, que atuou como professor formador na turma de São Raimundo Nonato, relatou como foi a experiência. “Pela primeira vez atuei no Programa e foi um momento muito importante para mim e para os cursistas. A formação ocorreu dentro do quilombo. Ensinar os alunos, ver o processo de aprendizado deles e também conhecer um pouco mais sobre a cultura negra, valorizando a questão da resistência e mostrando também a importância da Libras, foi uma troca muito bacana. Estou muito feliz com os resultados alcançados”.
Prof. Marcos acompanha apresentação de trabalho
O evento contou com a participação de autoridades locais e lideranças quilombolas, como a Coordenadora Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí, Maria Rosalina dos Santos; a Secretária de Educação de São João do Piauí, Eudes Coelho; a agente de governança, Érica Ibiapina; e o presidente da Associação Riacho dos Negros, Joseano Soares.
“Muitos ainda estão na fila de espera aguardando uma oportunidade como essa. Que vocês saibam aproveitar esse momento e que abram caminhos para que outros também possam percorrê-los e ter acesso à essa formação, para que futuramente, ensinem os seus nos diversos quilombos do nosso estado. Em nome da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí, agradeço a todos vocês se inscreveram e que estão resistindo até agora”, frisou Maria Rosalina dos Santos.
Coordenadora Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí, Maria Rosalina dos Santos
A Secretária de Educação de São João do Piauí, Eudes Coelho, reiterou o apoio do município às ações do Programa. “Hoje, nós representamos a educação municipal e valorizamos muito todo esse espaço, que é privilegiado, de muitas discussões, de construção de saber, e é com muita alegria que nós reafirmamos que a educação pública e municipal reconhece toda essa questão da ancestralidade, trabalha e incentiva a diversidade, para que a educação possa ser mais justa e bem mais equitativa”, finalizou.
Secretária de Educação de São João do Piauí, Eudes Coelho
Confira a programação completa, o vídeo e mais fotos do evento: