Solenidade de premiação nacional da ONC. Foto: Luara Baggi (ASCOM/MCTI)
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) se destaca como referência na organização de olimpíadas científicas voltadas à educação básica. Ao promover competições de alcance estadual e nacional, a instituição fortalece a cultura científica e contribui para a formação de jovens talentos.
O exemplo mais expressivo é a Olimpíada Nacional de Ciências (ONC). Criada em 2016 como projeto de extensão da instituição, a ONC nasceu dentro da universidade e se transformou em uma das maiores olimpíadas de conhecimento do Brasil. A competição é a única interdisciplinar, abrangendo áreas como Astronomia, Biologia, Física, História e Química.
Professor Jean Catapreta. Foto: Arquivo SCS/UFPI
O coordenador nacional da ONC, professor Jean Catapreta, conta que essa parceria entre a UFPI e a ONC tem ampliado a presença da Universidade na divulgação científica em todo o Brasil. “Professores participam de equipes nacionais que debatem ciência e formação docente, enquanto estudantes vivenciam experiências de troca com colegas de diferentes estados. É a universidade ganhando cada vez mais visibilidade no cenário científico brasileiro”, destaca.
Em 2025, a ONC completa 10 anos e alcança um marco histórico com a participação de mais de 5 milhões de estudantes, provenientes de 5.118 municípios em todo o Brasil. Com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e patrocínio da Petrobras, a competição científica envolve alunos da educação básica, do 3º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio.
Para o professor Jean Catapreta, o impacto da ONC vai além dos números, pois a competição desperta um interesse crescente pelas ciências e mobiliza estudantes e escolas em atividades de estudo e preparação. “Nas épocas de resolução dos desafios, estudantes se reúnem para estudar e escolas organizam preparatórios, formando redes que permitem aos participantes realmente viver a ONC”, relata.
Para além da ONC, a UFPI também promove outras olimpíadas científicas de âmbito estadual e nacional voltadas a disciplinas específicas como Física, Matemática e Química.
Desde 1999, o Departamento de Física da UFPI coordena a participação do Piauí nas olimpíadas de Física, inicialmente na Olimpíada Brasileira de Física (OBF), aberta a alunos de escolas públicas e privadas. Em 2010, a Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (OBFEP) surgiu em caráter piloto nos estados da Bahia, Goiás, Piauí e São Paulo, e, desde 2021, é realizada em todo o país.
Com o apoio dos professores do Departamento de Física, a UFPI passou a articular, organizar e apoiar de forma mais direta estudantes e professores do estado. Essa atuação garante destaque nacional ao Piauí, com o crescimento constante na participação e nas conquistas dos alunos em relação a outros estados.
Professor André Alves Lino. Foto: Arquivo SCS/UFPI
O coordenador estadual da OBF e OBFEP, professor André Alves Lino, destaca que a mobilização de escolas, professores e gestores é essencial para o fortalecimento das olimpíadas e o incentivo aos estudantes. “A participação em olimpíadas representa uma oportunidade única de aprendizado. O estudante amplia seus conhecimentos, estuda conteúdos que vão além da sala de aula e desenvolve habilidades de pesquisa. Além disso, muitos medalhistas em nível nacional conquistam vagas em universidades públicas, o que se torna um grande incentivo para continuar se dedicando aos estudos”, revela.
O Piauí vem alcançando resultados expressivos nas etapas nacionais, com cerca de 1.800 estudantes classificados para a fase final da Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas deste ano, o maior número do país, superando estados como São Paulo e Ceará. Na edição de 2024, os estudantes piauienses conquistaram 22 medalhas em nível nacional, sendo 8 de ouro, 3 de prata e 11 de bronze. No âmbito estadual, o estado somou 67 medalhistas, com 20 medalhas de ouro, 19 de prata e 28 de bronze.
Para o docente do curso de Física da UFPI, André Alves Lino, os resultados alcançados são fruto de um trabalho coletivo que envolve gestores, diretores, coordenadores escolares e programas de incentivo à participação dos estudantes da rede pública. “Graças a esse esforço conjunto, o Piauí se destaca nacionalmente com um dos maiores números de participantes nas olimpíadas científicas”, afirma.
A UFPI também desempenha papel central na Olimpíada de Química, atuando não apenas na Olimpíada Piauiense de Química (OPQ), mas também na Olimpíada Norte-Nordeste e na Olimpíada Brasileira de Química (OBQ). Com mais de 30 anos de história, o programa nacional surgiu a partir de uma parceria entre a UFPI e a Universidade Federal do Ceará (UFC) e mantém, até hoje, participação ativa na representação política e na organização das etapas regionais.
A Olimpíada Norte-Nordeste, a mais antiga do país, reúne estudantes de todos os estados dessas regiões e ocorre tradicionalmente em maio, voltada para alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio que participam das competições em seus estados no ano anterior, garantindo um ciclo contínuo de preparação e seleção para as etapas nacionais e internacionais.
Professor Samuel Anderson Sousa. Foto: Arquivo SCS/UFPI
Para o coordenador da OBQ e OPQ, professor Samuel Anderson Sousa, o programa busca incentivar a participação de estudantes da rede pública, formando novos talentos e ampliando oportunidades acadêmicas. “Nosso projeto é voltado para alunos da escola pública, com o objetivo de elevar o nível do ensino de química. É uma tarefa ousada, mas necessária. Mesmo sem atuar diretamente em políticas públicas, nosso papel é incentivar o estudo de química e de ciência por meio das olimpíadas, despertando o interesse de estudantes que muitas vezes seguem também para física e matemática”, conta.
O trabalho da UFPI vai além do apoio às etapas estaduais, incluindo a preparação para a Olimpíada Brasileira de Química e as seletivas internacionais. Os alunos iniciam nas fases estaduais, avançam para a nacional e, se medalhistas, participam das seletivas internacionais, que selecionam os representantes para competições globais, como a Olimpíada Internacional de Química e a Olimpíada Ibero-americana de Química.
O professor do curso de Química da UFPI, Samuel Anderson Sousa, ressalta o potencial transformador das olimpíadas de conhecimento para os alunos do ensino básico. “As medalhas conquistadas abrem portas para universidades brasileiras que oferecem vagas exclusivas para alunos olímpicos, como a Universidade de São Paulo (USP), além de aumentar as chances de ingresso em instituições internacionais, muitas vezes com bolsas de estudo. Essas oportunidades mostram como a participação em olimpíadas pode transformar trajetórias acadêmicas e ampliar o futuro profissional dos jovens”, diz.
Em ocasião de premiação da OBMEP 2024. Foto: Arquivo SCS/UFPI
A UFPI também atua nas olimpíadas de matemática, especialmente na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). A coordenação regional fica a cargo dos professores da UFPI, Jefferson Cruz dos Santos Leite (região norte do Estado) e Egnilson Miranda de Moura (região sul do Estado). Organizada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), a OBMEP é a principal competição científica do Brasil direcionada aos estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas do país.