Durante o encerramento da disciplina de “Diáspora Africana e Formação dos Quilombos nas Américas”, ministrada pela Profa. Selma Maria Ramos, os cursistas de Educação Escolar Quilombola, do Polo do PARFOR EQUIDADE/UFPI de Batalha, visitaram a comunidade quilombola Manga/Iús, localizada no munícipio. A atividade de campo, que ocorreu no sábado (03), teve como tema “Terra, território e direito quilombola”.
Durante atividade na comunidade quilombola Manga/Iús
A Profa. Selma explica que o objetivo foi compreender a formação do quilombo local e analisar as dificuldades encontradas durante o processo de regularização das terras. “Foi um momento de aprendizagem e vivência da realidade que muitas comunidades quilombolas vivenciam hoje e que os cursistas de Educação Escolar Quilombola precisam conhecer de perto, para que possam absorver melhor e entender a importância da união das comunidades, para que juntas possam trocar saberes, ideias e estratégias de como melhorar suas condições, desfrutando de seus direitos, que ainda são desrespeitados, mesmo diante de tantas leis que os asseguram”.
Roda de conversa entre cursistas e moradores da comunidade
Segundo a docente, durante a atividade os cursistas puderam vivenciar um pouco da realidade do quilombo. “Houve uma roda de conversa com os moradores, que relataram como a comunidade surgiu, a precariedade na saúde e na educação local, e as dificuldades que enfrentam para legalizar as terras, já que a comunidade se encontra geograficamente localizada em duas propriedades privadas. Além disso, visitaram a Tenda de Santa Luzia, local em que parte da comunidade pratica a Umbanda, religião de matriz africana, que juntamente com o Catolicismo e o Protestantismo, está presente na comunidade”, menciona.
Tenda Santa Luzia
Acompanhando a atividade, o Coordenador do Polo de Batalha, Prof. Milton Pereira, expressa que a aula foi bastante produtiva, destacando os aspectos positivos que contribuirão para o bom desempenho dos alunos. “A recepção da comunidade e a interação com os cursistas geraram um bom nível de aprendizado e troca de experiências. Uma das principais reivindicações dos moradores é a solicitação de legalização do território. Essa reivindicação busca garantir a eles o direito à terra e a outros benefícios, como programas de moradia e para o desenvolvimento sustentável”.
Cursistas durante visita à Tenda de Santa Luzia
Para a cursista Luciana Araújo, a atividade representou um momento de grande aprendizado e reflexão, que reforça a importância de políticas públicas voltadas para a valorização e apoio dessas comunidades. “Fui recebida com muito carinho por um povo forte, acolhedor e cheio de sabedoria. Apesar das dificuldades que ainda enfrentam, a comunidade mantém viva sua cultura, suas raízes e sua fé. Tive o privilégio de aprender mais sobre suas tradições e de conhecer de perto a influência marcante da cultura africana, como a Umbanda, um momento de encantamento e respeito profundo. Gratidão por tanto aprendizado e por me permitirem fazer parte dessa vivência. Foi um dia inesquecível”, afirma.
Cursistas, professores e moradores da comunidade
O Prof. Ariosto Moura, Coordenador do curso Licenciatura em Educação Escolar Quilombola, ressalta a importância de atividades como essa para o processo formativo dos cursistas. “O curso visa formar professores em uma modalidade de alternância, por isso é fundamental que sejam promovidas atividades dentro do quilombo, proporcionando essa interação e a rica troca de conhecimentos”, avalia.
Lanche coletivo servido na comunidade
A Coordenadora Adjunta do PARFOR EQUIDADE/UFPI, Profa. Lucineide Morais, reitera que as aulas de campo dentro das comunidades aproximam a Universidade da sociedade. “Não só na prestação de serviços, mas, especialmente, na disseminação do conhecimento científico, cumprindo, assim, sua função social. Ressalto que tais atividades são igualmente importantes para os discentes, pois são momentos educativos indispensáveis em seus processos formativos”.
Atividade promoveu discussão de temas importantes
Parabenizando a iniciativa, a Coordenadora Institucional do PARFOR/UFPI, Profa. Glória Ferro, enfatiza que a Universidade vive um novo momento com a chegada dos cursos do PARFOR EQUDADE. “Vivenciamos hoje a implantação, de fato, de uma educação para a equidade social. E é com muita satisfação que acompanhamos a construção desse processo formativo que integra a academia a espaços que ela nunca havia chegado antes, ampliando os saberes e fortalecendo a inclusão”.
Cursistas aprenderam mais sobre terra, território e direitos quilombolas
A UFPI, por meio do PARFOR EQUIDADE, oferta o curso de Educação Escolar Quilombola nos municípios de Batalha, Isaías Coelho, Paulistana, São João do Piauí e São Raimundo Nonato. Para a Pró-Reitora de Ensino de Graduação (PREG/UFPI), Profa. Gardênia Pinheiro, o Programa é um passo essencial para garantir uma educação mais equitativa, transformadora e alinhada aos direitos de todos os cidadãos e cidadãs. “Por meio do PARFOR EQUIDADE, temos a oportunidade de formar professores para atuar em contextos específicos, promovendo não apenas a inclusão, mas também o fortalecimento da identidade e da cultura das comunidades atendidas”.